Paranaenses dão nota 3,2 aos deputados estaduais
Retrato revelado pelo Instituto Paraná Pesquisas está relacionado aos fatos que culminaram na invasão da Assembleia
Euclides Lucas Garcia
Não foi só a aprovação do governador Beto Richa (PSDB) que despencou em meio à crise política e financeira do Paraná. Depois de chegarem à Assembleia Legislativa num ônibus da tropa de choque da PM e de tentarem votar o “pacotaço” do Executivo no restaurante da Casa devido à ocupação do plenário, deputados estaduais viram sua popularidade chegar ao fundo do poço. Segundo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, encomendado pela Gazeta do Povo, os paranaenses dão hoje nota 3,2 aos parlamentares. Há menos de três meses, o índice não era bom, mas estava em 5,55.
O retrato revelado pelo levantamento mostra uma relação direta entre a queda na avaliação e os acontecimentos que culminaram na invasão da Casa por servidores públicos há cerca de um mês. Até porque o próprio Instituto Paraná Pesquisas apontou que quase 80% dos paranaenses aprovaram a ocupação da Assembleia.
“Ficou evidente que a população discordou do método e do comportamento dos deputados, que ficaram numa situação vexatória nesse episódio”, avalia o cientista político Luiz Domingos Costa, do grupo Uninter. “Só me recordo de algo parecido, mas não nessa proporção, na tentativa de venda da Copel em 2001.”
Ele ressalta, também, que, o interior do estado voltou os olhos para a Assembleia. Vários deputados dizem ter sido hostilizados nas últimas semanas ao retornarem para as suas bases eleitorais − alguns preferiram esperar a poeira baixar em Curitiba.
“Os professores que vinham do interior passavam informações em tempo real para os colegas sobre o que acontecia na capital, e as atenções se voltaram para o que se passava aqui, o que é muito raro”, afirma Costa.
“Professor é uma das profissões mais queridas pela população. Esse embate com a categoria fez com que o interior inteiro se mobilizasse e prestasse mais atenção nos seus deputados”, diz o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. “Isso não fez mal apenas ao governador, mas também aos parlamentares.”
População distante
Costa explica ainda que existe uma tendência mundial de os Legislativos serem mal avaliados. Segundo ele, há uma desconfiança sobre os parlamentos, costumeiramente marcados pelo excesso de corporativismo e autoconcessão de benefícios. “Some a isso uma decisão de extrema desconexão com a população, como essa do Paraná, que estava sendo tomada de maneira arbitrária. Isso só incrementa a sensação de que os deputados não estão nem aí para as aspirações do povo.”
Não sabem
Esse distanciamento entre Legislativo e sociedade pode ser notado em outro dado da pesquisa, segundo o qual mais de 93% dos paranaenses não sabem dizer o nome do atual presidente da Assembleia, o tucano Ademar Traiano.
“Esse tipo de movimento no Paraná e as manifestações de junho de 2013 são sinais de que o Parlamento melhora e se aproxima das pessoas ou isso vai ser muito mais frequente do que a gente imagina”, projeta Costa.