Deputados da oposição questionaram na sessão de hoje (29) a relação de proximidade entre o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo da Costa, e o empresário Luiz Abi, primo do governador Beto Richa (PSDB), acusado de ser o chefe político do esquema de corrupção na Receita Estadual que causou prejuízos de mais de R$ 500 milhões aos cofres do Paraná.
A oposição defende que é preciso conhecer exatamente como e onde começou a relação entre o acusado de ser operador político do esquema na Receita Estadual e Mauro Ricardo. “Não podemos simplesmente aceitar que o futuro secretário da Fazenda do Paraná tenha uma relação de proximidade com o homem que é acusado de chefiar o esquema de corrupção na Receita Estadual. O Paraná precisa de uma explicação mais clara. Como e onde nasceu esta proximidade, que permitiu que Mauro Ricardo pedisse sugestões de hotel para Luiz Abi sobre onde passar o Ano Novo em Curitiba?”, disse o líder da bancada, deputado Tadeu Veneri (PT).
Requião Filho (PMDB), vice-líder da bancada questionou a liberdade de Luiz Abi para fazer as reservas em nome do futuro secretário e o pagamento das diárias. “A dúvida que resta é: o secretário da Fazenda foi escolhido pelo governador Beto Richa ou pelo primo Luiz Abi?”.
Nesta segunda-feira, o jornal Gazeta do Povo revelou que a empresa de Abi, Alumpar Alumínios, pagou despesas de hospedagem de Mauro Ricardo no Hotel Bourbon, em Curitiba, entre os dias 31 de dezembro e 5 de janeiro, no valor de R$ 1.459,00. O secretário confirmou que hospedagem foi bancada por Abi mas que, posteriormente, pagou a hospedagem do próprio bolso.
A Alumpar também bancou a hospedagem de Mauro Ricardo no Hotel Bourbon entre os dias 7 e 8 de dezembro, no valor de R$ 291,90. O secretário disse que caso a conta tenha sido paga por alguém que não o Executivo, também irá pagar o valor do próprio bolso.
Corrupção em obras de escolas – A oposição apresentou requerimento convidando Jaime Sunye Neto, ex-superintendente de Desenvolvimento Educacional (Sude), para prestar esclarecimentos sobre a suspeita de corrupção em obras de escolas estaduais, em contratos que envolvem mais de R$ 30 milhões. O requerimento será votado amanhã (30).
Sunye denunciou a existência do esquema de corrupção na Diretoria de Engenharia, à época comandada por Maurício Jandoi Fanini Antônio, amigo e companheiro de jogo de tênis do governador Beto Richa.
De acordo com o ex-superintendente, fiscais da Sude, comandados por Fanini, apresentavam informações falsas sobre o andamento de obras para aumentar o volume de recursos repassados à empresa Valor Construtora e Serviços Ambientais. Embora a construtora recebesse milhões como se já tivessem concluído os serviços, as obras sequer haviam saído do chão. Ao menos sete obras estão sendo investigadas.
Sunye denunciou o esquema ao secretário de Educação à época, Fernando Xavier. Em seguida, foi exonerado do cargo pelo governador Beto Richa. Apenas depois de demitir o ex-superintendente, que apresentou a denúncia, o governo exonerou Fanini.