A OMISSÃO DE RICHA E O PROTESTO DOS ESTUDANTES, POR REQUIÃO FILHO

A Medida Provisória 746, que estabelece mudanças estruturais no ensino médio brasileiro, é mais uma demonstração de autoritarismo do Governo Federal. Sem qualquer discussão prévia, sem considerar a opinião de estudantes e entidades representativas, de professores, pesquisadores e movimentos sociais, o texto foi publicado no Diário Oficial da União de 23 de setembro e encaminhado ao Congresso Nacional, que terá 120 dias para discutir o projeto, fazer alterações e votar. Foram apresentadas 568 emendas.

Algumas “soluções” introduzidas pela MP têm causado grandes polêmicas. A alteração da chamada ‘flexibilização do ensino médio’, onde ao invés das atuais 13 disciplinas ensinadas a todos os alunos nas 1º., 2º. e 3º. Séries, o que se prevê é a obrigatoriedade de apenas três matérias nas três séries do ensino médio: português, matemática e inglês. As demais serão opcionais e os estados, em discussão com seus respectivos conselhos de educação e com a comunidade escolar, terão autonomia para compor o restante do currículo.

O ensino de educação artística e educação física, além das disciplinas de Filosofia e Sociologia podem desaparecer dos currículos. Até o ensino de línguas fica prejudicado. A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelecia a obrigatoriedade de uma língua estrangeira, mas o idioma era escolhido pela própria comunidade escolar. Com a MP, o inglês passa a ser a única língua estrangeira compulsória.

No Paraná, a reação foi imediata. Milhares de estudantes e professores saíram às ruas para protestar contra o autoritarismo. Ocuparam mais de 200 escolas e exigem serem ouvidos. O governador Beto Richa se omite. Pelas redes sociais posta declarações redigidas e ensaiadas por sua assessoria, mas se nega a sentar em uma mesa de negociações com os estudantes e educadores. Aliás, sua prática sempre foi da intolerância e a falta de diálogo. O massacre dos professores no dia 29 de abril, no Centro Cívico, permanece vivo na memória dos paranaenses. Os alunos querem saber o que pensa a secretaria de Educação do Paraná. A única medida adotada até agora pelo governo Richa foi o pedido de reintegração de posse das escolas ocupadas.

Os protestos não vão parar. Estudantes, pais e professores querem ser ouvidos e prometem lutar pelos direitos e conquistas de todos. O único temor é que a violência, a mando do governador, volte a ser adotada no processo de desocupação das escolas. A sociedade merece uma resposta e exige respeito. Enquanto isso, Richa, após reunião no Palácio Iguaçu para tratar do tema, optou por fugir e sair por uma porta anexa sem falar com a imprensa. Esse é o jeito Richa de governar!