APROVADO PROJETO DE LEI DE NEREU MOURA PARA PREVENIR A DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA

A Assembleia Legislativa aprovou, nesta terça-feira (04), projeto de lei do deputado Nereu Moura que institui, na rede estadual de saúde e educação, uma Campanha Permanente de Orientação, Conscientização, Prevenção e Combate à Dependência Tecnológica. A proposta, que recebeu parecer favorável, passou por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça e está pronta para votação no Plenário da Casa de Leis.

 

As tecnologias mudaram a maneira das pessoas se relacionarem, contribuindo significativamente para a evolução da sociedade brasileira. “O problema está no uso exagerado, alterando a percepção de tempo e espaço”, justifica Nereu Moura, que é líder da bancada do PMDB. “Quando a pessoa fica sem o acesso, acaba sofrendo de ansiedade, depressão, fobia social, isolamento e até síndrome do pânico e outros transtornos”, afirma.

 

A dependência tecnológica atinge um público cada vez maior no Brasil. Um estudo da Flurry, consultoria do Yahoo, apontou que há 280 milhões de “viciados” em aplicativos para celular no mundo. No Brasil, pelo menos 10% dos internautas, segundo especialistas do Hospital das Clínicas (SO), já foram diagnosticados com um vício real: dependência de tecnologia, que faz suas vítimas passar até 12 horas conectadas e, quando estão off-line, tremerem, suarem, terem taquicardia e, em casos extremos, chegarem até a tentar suicídio.

 

A éParaná, emissora pública do Estado, veiculou esta semana uma campanha inspirada no projeto de Nereu Moura, alertando que o uso abusivo de tecnologias pode trazer, além de prejuízos psicológicos, danos à saúde e ao desenvolvimento físico das crianças. A intenção é incentivar as pessoas a conectar-se com aquilo que importa. “É hora de se conectar com seu filho!”, diz uma das peças.

 

Contexto

A campanha prevista na proposta de Nereu Moura constará do calendário oficial de eventos, em ações institucionais da Secretaria Estadual de Saúde e será inserida nas escolas da rede pública estadual para alcançar a população cuja faixa etária tem maior vulnerabilidade biológica, psicológica e social. Serão envolvidos na iniciativa hospitais, ambulatórios e postos de assistência médica da rede pública, alertando sobre os riscos de infecção e doenças devido à prática deste tipo de intervenção corporal.

 

O deputado destaca que países como China, Japão e Coréia do Sul reconhecem o vício em tecnologia como um problema de saúde pública. “No Brasil, o problema começa a ser percebido. No entanto, a linha que separa a conexão normal do exagero pode ser bem tênue e diagnosticamos que o caso precisa ser tratado quando há sofrimento neste distanciamento da tecnologia”, disse.

 

A mesma internet que aproxima pessoas, lembra Nereu Moura, se mal utilizada também distancia pessoas próximas. A dependência digital não está associada diretamente ao tempo dedicado aos dispositivos eletrônicos, mas sim a perda de controle na vida real, trazendo prejuízos nos campos pessoal, profissional, familiar, afetiva ou social.

 

“A pessoa passa a deixar de viver a vida real para viver a vida online. É normal tirar uma foto e postar durante um encontro com os amigos. Exagero é ficar nas redes enquanto as coisas acontecem ao redor”, diz o líder da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa.

 

Virou necessidade

Nos nossos dias é quase impensável não utilizar um aparelho conectado e que nos “une” ao mundo em tempo real. Sendo assim, o que fazer, já que não há como evitar ou proibir a tecnologia?, indaga Nereu Moura. Que acredita: “O caminho é o equilíbrio”.

 

Em casos mais graves, o remédio aliado com a terapia limita os sintomas e o pensamento obsessivo do paciente e ajuda a encontrar um meio termo. Agora, para quem vive conectado, mas ainda não sofre do medo de se separar do celular, a dica é deixar os aparelhos eletrônicos de lado na hora dos estudos, trabalho e durante alguns momentos de lazer e desfrutar da vida real.

 

Pesquisa recente aponta que 79% dos estudantes avaliados apresentaram algum desconforto, alteração da percepção de tempo e espaço, estresse, ansiedade, depressão, isolamento e até síndrome do pânico com a restrição de uso de eletrônicos.

 

A dependência tecnológica, que inclui o uso problemático da internet, dos jogos de vídeo game e de outros meios eletrônicos, além do telefone celular, vem configurando um problema cada vez mais comum na sociedade moderna.

 

O principal motivo da vulgarização desta condição pode ser a cobrança exagerada da dita “sociedade da informação”. Esta impõe que os indivíduos estejam sempre disponíveis e cientes dos mais variados assuntos, ou seja, conectados ao mundo globalizado.