Requião Filho é a surpresa na pesquisa de eleição à prefeitura de Curitiba

O jornal Gazeta do Povo publicou nesta quarta-feira (11) pesquisa sobre as eleições para a prefeitura de Curitiba e o diretor da Paraná Pesquisas Murilo Hidalgo disse que a grande surpresa é o deputado estadual Requião Filho (PMDB-PR). Na opinião dele, segundo o jornal, “ele ganhou projeção pela participação na greve dos professores e se cacifou como um potencial concorrente.”

Leia a seguir a matéria da Gazeta do Povo

ELEIÇÕES EM CURITIBA
Ratinho lidera disputa a prefeito; 4 opositores ‘embolam’ o 2.º lugar
Apesar da vantagem no levantamento do Paraná Pesquisas, secretário perdeu 12 pontos desde dezembro. Fruet, Requião Filho, Francischini e Ducci estão tecnicamente empatados

10/03/2015 22h00 Chico Meleiçaoarés
Levantamento do instituto Paraná Pesquisas, encomendado pela Gazeta do Povo, mostra o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr. (PSC), na liderança da corrida eleitoral para a prefeitura de Curitiba em 2016, com 26,4% das intenções de voto. O atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT), aparece em segundo lugar com 12,7%, tecnicamente empatado com o deputado estadual Requião Filho (PMDB), com o secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Francischini (SD), e com o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB).

Desaprovação de Fruet sobe 15 pontos e atinge 65%
Apesar de aparecer isolado na liderança, os números não são tão bons para Ratinho Jr. Em dezembro, pesquisa do mesmo instituto mostrava o secretário com 38% das intenções de voto – os concorrentes no cenário pesquisado eram quase os mesmos. Outro detalhe: assim como nas eleições de 2012, os votos de Ratinho estão concentrados nos eleitores de escolaridade mais baixa. Naquela ocasião, ele terminou o primeiro turno na liderança, mas não conseguiu vencer a rejeição da classe média e perdeu para Fruet.

Para o atual prefeito, a situação é ainda pior: ele aparece “embolado” com outros concorrentes. Vale lembrar que pesquisa do mesmo instituto, divulgada na segunda-feira (9), mostrava o pedetista com 65% de desaprovação entre os eleitores de Curitiba.

Terceiro colocado em 2012, Luciano Ducci (PSB) também não aparece bem. Na pesquisa de dezembro, ele chegou a fazer 17% em um dos cenários pesquisados – ficando na segunda colocação em um cenário sem Ratinho. Na pesquisa atual, ele oscila entre 13,3% e 8,3%, dependendo dos adversários.

Por outro lado, Requião Filho e Francischini ganharam pontos e despontam como possíveis concorrentes de peso, assim como Ney Leprevost (PSD) e Rubens Bueno (PPS).

Fotografia do momento
É preciso considerar que a pesquisa é apenas uma fotografia do momento. Primeiro, é impossível prever como estará a política paranaense em outubro do ano que vem. A situação econômica do país pode melhorar ou piorar, assim como a avaliação de Fruet e de seus concorrentes.
Outro fator a ser considerado é que Ratinho, Francischini, Ducci, Leprevost e Bueno, hoje, fazem parte do mesmo grupo político – logo, dificilmente sairão todos candidatos ao mesmo tempo.

Números trazem ‘alerta’ para Fruet e Ratinho
Por outro lado, Requião Filho encontra resistências internas no próprio PMDB de Curitiba. Vale lembrar ainda que, na pesquisa espontânea, quase 80% dos eleitores disseram que não sabem ainda em quem votar – ou seja, o jogo está totalmente aberto.

Metodologia
O levantamento foi realizado em Curitiba pelo Paraná Pesquisas, entre 3 e 7 de março. Foram entrevistadas 819 pessoas maiores de 16 anos. A margem de erro é de 3,5% e o grau estimado de confiança, 95%.

FAVORITOS
Os pontos fortes e fracos dos principais pré-candidatos à prefeitura de Curitiba:

Ratinho Jr. (PSC)
Na pesquisa, aparece na liderança. Tem exposição constante na mídia, é “campeão de votos” – fez 300 mil votos para deputado estadual – e possui forte “recall” de seu eleitorado. Porém, a pesquisa mostra que não consegue romper a rejeição do eleitorado de classe média e alta – seu calcanhar de Aquiles no 2.º turno de 2012. Além disso, pode preferir “se poupar” para a disputa ao governo do estado em 2018.
Gustavo Fruet (PDT)
Atual prefeito, aparece mal na pesquisa, embolado no “pelotão do meio”. Pesquisa recente mostra, também, que sua aprovação está em 30%. Para virar o jogo, precisa começar as grandes obras que havia planejado, como o metrô, e torcer para uma melhora no quadro econômico do país. Caso se candidate, tem como trunfo a máquina da prefeitura – que não pode ser subestimada na campanha.
Requião Filho (PMDB)
Pode seguir a trajetória do pai, que ganhou destaque no primeiro mandato como deputado estadual e se cacifou para a prefeitura de Curitiba, em 1985. O filho ganhou visibilidade com a greve dos professores e não tem nada a perder se participar da disputa. Entretanto, o estilo “ame ou odeie” do pai pode representar uma rejeição alta demais para um eventual 2.º turno. Precisa, antes de tudo, unificar o PMDB.
Francischini (SD)
O episódio do camburão dos deputados e sua participação em um governo mal avaliado parecem não ter afetado negativamente o secretário – pelo contrário, aparece melhor do que em dezembro. O estilo “xerifão” agrada a parte do eleitorado, mas atrai rejeição de outros segmentos. O alto número de pré-candidatos em seu grupo político pode afastá-lo da disputa.
Luciano Ducci (PSB)
Derrotado em sua tentativa de reeleição, conseguiu boa votação para deputado federal e pode se apresentar como o “anti-Fruet”, caso a popularidade do atual mandatário continue em baixa. Por outro lado, sua forte ligação com Richa pode prejudicá-lo, caso a avaliação do governo estadual continue em baixa.
A pesquisa reflete o impacto da queda de popularidade de Fruet e de outros governantes. Além disso, dá indícios de possíveis concorrentes com fôlego para disputar o cargo – como Francischini e Requião.

ANÁLISE
Números trazem ‘alerta’ para Fruet e Ratinho
A queda na popularidade de Gustavo Fruet (PDT) e a crise do “pacotaço” do governo do estado tiveram impacto nas intenções de voto do curitibano. Por um lado, o prefeito perdeu potenciais eleitores entre dezembro e março e se juntou ao “pelotão” de candidatos na faixa dos 10% a 15%. Por outro, a perda de pontos de Ratinho Jr. (PSC) pode ter a ver com sua ligação com o governador Beto Richa (PSDB), também mal avaliado. Já Requião Filho (PMDB) e Ney Leprevost (PSD) ganharam terreno após ficarem ao lado dos servidores na crise com o governo estadual.

Para o cientista político Ricardo Oliveira, da UFPR, a pesquisa é um “sinal amarelo” para Ratinho e Fruet. Ratinho mantém o bom “recall” do eleitorado menos escolarizado, mas não consegue romper a barreira que o impediu de ser prefeito em 2012: a rejeição da classe média e alta. No cenário principal, ele tem 36,2% entre eleitores de baixa escolaridade, mas 16,7% dos votos entre eleitores com ensino superior.

A situação de Fruet é inversa: o prefeito é fortemente rejeitado pela população de baixa escolaridade, com 8,3% das intenções de voto no segmento – entre eleitores com ensino superior, tem 16%. Oliveira pondera que a conjuntura nacional e estadual afeta a avaliação, mas que a falta de obras e marcas administrativas, além de uma comunicação que o aproxime da população, também ajudaram a derrubar a popularidade.
Surpresas
Por outro lado, alguns pré-candidatos aparecem fortalecidos. Para o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, a grande surpresa é Requião Filho. Na sua avaliação, ele ganhou projeção pela participação na greve dos professores e se cacifou como um potencial concorrente. Já Francischini (SD) teve bastante exposição por ser secretário de Segurança, e também aparece como um candidato viável, diz. (CM)