REQUIÃO PROPÕE ALIANÇA DE SINDICATOS COM O POVO PARA MUDAR O BRASIL

Falando a mais de dois mil líderes sindicais reunidos no II Congresso da Central dos Sindicatos Brasileiros, nesta quinta-feira, 25, em Brasília, o senador Roberto Requião disse que “para mudar o país é preciso uma aliança entre o verdadeiro sindicalismo e o povo brasileiro”. Para o senador, “há pouco a esperar de um Congresso capturado pelo neoliberalismo e de um poder Executivo acuado”.

 

O senador citou como exemplo a votação, na quarta-feira à noite, 24, do projeto que entrega o pré-sal às multinacionais do petróleo, que fez convergir a oposição e o governo na aprovação da proposta do senador José  Serra (PSDB-SP).

 

A entrega do pré-sal, afirmou Requião é mais um capítulo do avanço neoliberal sobre a soberania nacional e os interesses do povo brasileiro. O senador lembrou que estão ainda na pauta do Senado a instituição do Banco Central independente, cuja gestão ficaria por conta do mercado financeiro, o Estatuto dos Estatais, preparando-as para a venda e a regulamentação da terceirização.

 

-É uma pauta claramente antinacional e antipovo. Com uma aliança entre os sindicatos, os trabalhadores brasileiros não organizados e as massas pobres da cidade e do campo podemos mostrar a essa gente de que o povo é capaz. Vamos às ruas, vamos pressionar para mudar a economia, a política e a sociedade”, conclamou o senador.

 

O enfraquecimento do Governo da presidente Dilma, o acossamento ao PT e às suas principais lideranças, a articulação dentro do PMDB de uma proposta ultraconservadora, o esfarelamento da base de apoio no Congresso e o desassombro com que o mercado, a direita e a mídia passam a agir contra o Brasil exige pronta resposta, afirmou Requião.

 

Fundar o Brasil-Nação

 

Requião lançou ainda para o debate dos sindicalistas algumas propostas para a construção de um programa que oriente a fundação do Brasil-Nação.

 

-Até agora, fomos o Brasil para os outros. O pau-brasil para os outros, o ouro para os outros, os minérios para os outros, os ciclos econômicos para os outros e agora querem entregar o petróleo para os outros. Chega! Chegou a hora de construirmos o Brasil para nós, a nossa Nação”, afirmou.

 

Os pontos para a elaboração de um programa democrático, nacional e popular propostos pelo senador são estes.

 

Primeiro. Planejamento público centralizado, impositivo para o setor público e indicativo para o setor privado.

 

Segundo. Criação de um sistema bancário público como instrumento de execução do planejamento impositivo e indicativo.

 

Terceiro. Criação de um sistema de empresas públicas estratégicas, com capacidade de execução do planejamento básico e capacidade de incitar e puxar as empresas privadas.

 

Quarto. Política fiscal/monetária anticíclica, pela qual a dívida pública seja efetivamente um dispositivo do desenvolvimento.

 

Quinto. Atuação no câmbio, para assegurar uma taxa ligeiramente favorável às exportações, como na China.

 

Sexto. A articulação desses cinco itens com metas de aumento da renda per capita, redução da desigualdade, mediante políticas sociais específicas, e o estabelecimento de imposto de renda realmente progressivo, a partir de uma renda mensal de dez mil reais.